Programa F.I.A Janeiro a Abril 2019
21.12.2018
JANEIRO
9 a 12 de Janeiro | 11h – 16h30
no c.e.m
laboratório de investigação artística
a sopa
com Sofia Neuparth e margarida agostinho
Era uma vez alguém que tinha fome, chegou-se ao pé de alguém nalgum lugar e perguntou se haveria por ali uma panela onde pudesse por uma pedra saborosa para fazer uma sopa…
Era uma vez uma sopa que só terá o sabor daquilo que lhe acontecer. Se ninguém trouxer o sal ficará insonsa, mas e se não combinássemos quem trazia o sal ou o azeite ou as couves ou as abóboras? E descascar cenouras? Que mistério tem esse gesto tão específico que me permite conversar, dançar, distrair-me e mesmo assim não me cortar e ainda ajuntar os quadradinhos cor de laranja à panela? Se pudéssemos exercitar outras formas de relação, de criação, de concretização, que apurassem a nossa capacidade de estarcom e de fazer acontecer sem plano pré-definidos, sem salvação? E a implicação? E comer a sopa? E lavar a loiça? A boa notícia é que estes encontros incluem um tempinho dedicado à integração, quem sabe uma sesta aninhados num canto…
mais informações: sofianeuparth@gmail.com
nota: (entrada no laboratório mediante conversa prévia com os orientadores)
*Dias 7 e 8 das 11h às 17h, o espaço estúdio c.e.m estará disponível para quem quiser co-pensar, co-dançar, co-ler, co-dormir e a SOPA começa a 9!
c.e.m – centro em movimento – Rua dos Fanqueiros, 150, 1°andar – Baixa.
+351 21 887 1763 / 91 970 8336
14 | 18 Jan | 11h – 16h30
no c.e.m
(des)teceres…
direito ao tédio
com Luz da Camara

Pesquiso atmosferas entendidas como aquele momento imediatamente anterior à cisão Sujeito/Objecto, ou seja, o Eu /Outro.
De uma forma mais poética, ouvir o sussurro do momento, um sussurro que nos une, que nos é comum, seja lá quem e o que for este NÓS naquele preciso momento e de que forma se relacionam entre si. Preparar-me para a escuta desse sussurro abre a possibilidade de substituir o EU por NÓS.
«Mas você não esta a olhar. Olhe só para ela, como uma forma, uma sombra ou uma nuvem.»
Pegou nela com três dedos e, com um movimento do pulso, mostrou-a a luz da janela. «(...) Tente olhar lá para dentro e sentir as proporções, sentir a maneira como foi moldada, como um ovo de pássaro.» Daí a pouco comecei a ver vagamente o que ele via. uma requintada armadilha destinada a valorizar o espaço ambiente em volta e fora dela.
nota: (entrada no laboratório mediante conversa prévia com os orientadores)
c.e.m – centro em movimento – Rua dos Fanqueiros, 150, 1°andar – Baixa.
+351 21 887 1763 / 91 970 8336
21 Jan | 09 Fev | 11h – 16h30
no c.e.m
(terças, quartas, sextas e sábados)
vou comer você…
a suculência na dança…
o ato performativo…
com Peter Michael Dietz
*Green Man Peter Michael Dietz & Play Bleu Castelo de ARTES – Encontros de Castelo Branco, residência artística
Produção: c.e.m – centro em movimento (Lisboa)
F E V E R E I R O
11 A 15 E 18 A 22 FEVEREIRO
CORPO E ESCRITA
Com Sofia Neuparth e Margarida Agostinho
segunda a sexta
11h – 16h30

O corpo acontecimento e a escrita que esse corpo-acontecimento potencia.
Praticas de escrita na fisicalidade do gesto que escreve.
25 FEVEREIRO A 8 MARÇO
CORPO PODE SER O QUE QUISER SER
Laboratório de pesquisa e criação performativa
Com Mariana Lemos e Thiago Righi, convidam Diogo Picão (saxofone, voz, escrita) e Guilherme Callegari (escrita, voz, percussão).
E ainda em corpo-dança-presença Camila Soares, Clara Bevilaqua, Sofia Ó., Bernardo Bethonico, Laura Vainer.
Segunda a sexta
Das 11h às 16h30

O quanto de “um mundo às avessas” pode vir-a-ser o “mundo do amanhã”? Qual a potência de uma exceção para tornar-se regra? A história do samba – e da música popular brasileira como um todo – já provou ser possível este impossível! A arte tem, por essência, a capacidade de antever mundos-possibilidades. Tem, igualmente forte, a de propô-los!
O chamado:
Propomos duas semanas de trabalho, poesia, desconhecido, tessituras e espaços de encontro. Partilhar entusiasmo, voragem dum caminho em torno da música, da dança, do corpo que vai aprendendo a ser quando cria junto, perto. Reunir em torno do arrebatamento musical, do movimento que se faz música, investigadores, bailarinos, artistas, ouvintes, etc… para criarmos momentos de escuta em dança, da música que pode nascer despida, a olhos nus, nos intervalos e nas passagens entre travessias.
Nestas semanas de imersão na escuta da potência de um corpo performativo, imaginamos um porvir, um mundo que se carnavalize e, torne a existência quotidiana mais possível, mais festiva e afetiva, mais fluida em seus ideais, com espaço para a empatia, para um existir mais solidário, partilhado, para o atrevimento, o desvio, os deslocamentos e os desequilíbrios/equilíbrios.
Encontrar/tecer/construir/atrever-se a – maneiras de existir-viver-conviver – inserir-se no mundo de maneiras outras… O movimento da escuta, a geração de presença, dançar por dentro da dança, comer a dança por dentro, esculpir o som, a guitarra na coluna, a dança da escuta, a escuta da dança que se faz gesto sonoro… os ritmos que de lá e de então surgem, as possibilidades de um existir-criar, de se ser o que se quiser ser!
Convite-Desejo:
… Quero dançar o que está dentro da dança. Comer a dança por dentro. Entrar na escultura, esculpir o tempo, com tempo. Sinto na escuta de algumas músicas e nos corpos de alguns músicos, uma ressonância neste lugar de encantamento. Como se ao tocar, ao dançar, fosse possível agarrar o momento, trazê-lo a olhos nus, ver o ar ganhar forma, volume, intensidade. Quero encontrar uma presença visível, transparente, não se esconder atrás de nada, despida. Às vezes, algumas matérias sonoras preenchem o espaço da solidão de tal forma, que se for possível reparar no desenho do gesto, a dança é pura magia, materialização pura do pó das estrelas. Uma conversa, esta dança-música, som-movimento, deixa rastro no espaço. Que fome de mundo, que desejo!
Mariana
Interessa-me saber-perguntar o que fica. E o quanto o efêmero pode se transmutar em perene, em (r)ex(s)istência.O que fica, disto tudo? O que se esvai? Quanto uma provocação, um encontro, um insight, (provocados, buscados ou espontâneos) podem mudar nossa rota? Quais níveis de escuta e movimento (subjetivos ou não) passam a existir a partir de um encontro, de um som, de uma dança, um horizonte?O quanto transformamos entorno ao transformarmos a nós mesmos (?) – por dentro, pela escuta; por fora, pela partilha… Quantas formas se há para existir? E como se alerta, sem gritar, de que o mundo pode ser, e é, maior? E como se acorda um entorno, a vizinhança toda, para o fato de que o ar é livre porque não se quer paisagem? Como abrandar o tempo sem ser leviano? Como ser sério sem ser sisudo? Será o carnaval, a resposta? Será um Corpo-Festa, que pode “ser o que se quiser ser”, sorridente posto que dono de si; consciente posto que embebido de (suas) verdades… Que sede de perguntas! Que vontade de escutas!
Thiago
A Mariana é bailarina, professora, encenadora, aprendiz de produtora e uma amante da música. O Thiago é músico, compositor, historiador e um curioso do corpo em movimento. Desde a última temporada, têm desenvolvido uma parceria através de pesquisa e criação, em música, dança e tudo que está entre estas linguagens artísticas, os interstícios, desvios, mergulhos e atrevimentos. Deste trabalho já nasceu uma trilha sonora da música que nasce da dança e vice-versa, composta pelo Thiago depois e enquanto dançava… e muita coisa ainda está por vir!
Plano de trabalho:
Semana 1: conversas, danças, etc…
(25, 26, 27, 28, 1)
Práticas de corpo manhã: 11h às 13h
* pausa almoço (40 minutos)
Tardes/ 13h40 às 16h30: estudos, danças, canções, conversas, filmes, etc…
Semana 2: rua, festa, criação!
(4,5,6,7 e 8)
*Práticas de corpo pela manhã exceto terça-feira de carnaval dia 5, será todo na rua!
Tardes: 13h40 ás 16h30: pesquisa e criação
MARÇO
DE 11 A 15 MARÇO (excepto dia 12)
CORPO
Sofia Neuparth
11h – 13h
LABORATÓRIO CORPO E IDENTIDADE NO ESPAÇO TEATRAL com Miguel Pereira
Miguel Pereira
Dias 11, 13, 14 e 15
13h30 – 17h
Dia 12
11h às 13h30

Foto: Lais Pereira
O objectivo deste laboratório é partilhar metodologias, experiências e reflexões sobre a identidade e a representação do corpo no espaço teatral. É aberto a todas as áreas e formações, profissionais e não profissionais, com diferentes níveis de experiência, e que procurem experimentar novas possibilidades de criação e composição em dança/performance/teatro.
A procura e a identificação de uma identidade artística é algo que me move, assumindo-a como um espaço potenciador, ao mesmo tempo flutuante e instável, que nos permite questionar as nossas próprias fronteiras. Interessa-me expandir as possibilidades do corpo e do pensamento em confronto com o mundo que nos envolve, permitindo a criação de novas perspectivas e reflexões sobre o que somos e o que não somos, revelando potências por vezes escondidas.
Este laboratório é também uma oportunidade para desenvolver novas redes de afinidades e/ou aprofundar relações de trabalho para colaborações futuras.
Miguel Pereira
*ATENÇÃO AO Dia 12 de Março:
Miguel Pereira das 11h às 13h30
Maria Filomena Molder das 14h às 16h
DE 18 A 22 MARÇO (segunda a sexta)
LIBERTAR O ECO DAS PEDRAS E NARCISO DAS ÁGUAS. POLÍTICA E POÉTICA DOS CORPOS EM ESCUTA
Com Fernando Ramalho
11h – 16h

Este laboratório pretende constituir-se como um passo preliminar de uma investigação mais ampla sobre a dimensão política e o potencial poético da escuta. Pela própria natureza do problema, podemos começar por dispensar qualquer tentação conceptual. O propósito do laboratório não é chegar a uma definição de escuta – ou a qualquer outra –, mas tactear através de um conjunto de categorias frágeis e porosas, como timbre, ressonância, eco, ritmo e, desde logo, a própria escuta, aqui intuída como o processo que estrutura a relação dos corpos com a materialidade do mundo. Nessa medida, o laboratório procurará ocupar-se dos modos como o processo da escuta é sempre politicamente determinado, bem como portador de potencial poético.
O mito de Eco e Narciso – a paisagem do laboratório – é particularmente operativo para esta empreitada. Com efeito, o fim dramático das duas personagens parece sugerir uma descontinuidade, um despegar brusco do mundo – o que, para qualquer um dos dois, teria sido um alívio! Porém, a voz de uma que ficou nas pedras e o reflexo do outro que ficou nas águas não deixam de nos manter ligados a um fluxo que surge como uma eterna tautologia. Suspender esse fluxo é, desde logo, escutar o diverso que, em cada retomar, emerge da aparência de eterno regresso do mesmo; e é, por outro lado, buscar na indiscernível vibração dos corpos em escuta a libertação do poema.
O laboratório decorrerá em cinco sessões, cada uma delas preenchida por períodos de análise e discussão de texto, de realização de exercícios de escuta e de experimentação poética.
DE 25 A 29 MARÇO (segunda a sexta)
Prática de Corpo
entre a rua e o estúdio
LABORATÓRIO
Com Coline Gras
11h – 16h30

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Em tempos demorados de investigação na rua, perguntamos a aparição da dança e as porosidades da presença sem fechar-se num circuito pessoal e deixando existir o próprio espaço fora-dentro. vamos sendo no movimento próprio o que essas presenças e danças fazem até ao estúdio, continuando a ouvir qualquer música. Essas idas e voltas entre o estúdio e a rua serão um estudo para acompanhar várias camadas do corpo a tocar várias camadas da cidade.
Coline Gras nasceu em Marselha (França) em 1993.
Em 2017, obtém um master em dança e práticas performativas na universidade de Lille 3. Apresenta uma performança dançada e falada duma prática e escrita de três anos na rua “Deslocar o abordagem” (trabalhado e apoiado por Philippe Guisgand, Sofia Neuparth, Marie Glon). Também segue a formação de investigação artística no centro em movimento c.e.m., em Lisboa (Portugal).
Colabora na criação de peças performativas e coreográficas; Corps-gone (2015), État Existant, Lille, (2016 et 2017), Scheherazade Zambrano Orozco, Gôche (2017), Alejandro Pablo Russo, A Fada da música, Obidos, (2017), Fernando António dos Santos, For-performance, Lille, (2018), convidada por Françoise Rognerud. Faz parte de la malagua, companhia de pesquisa em dança, (Lille) desde 2016, onde dá laboratórios quer sozinha ou acompanhada de Marie Pons com o seu projeto como se manter vivo?
Para a residência Demora no c.e.m., apareceu o seu solo Les soirs d’été (festival Pedras 2018, Lisbonne, Kursaal, Lille, 2018). Em novembro 2018, cria o projeto de ação poética Dépaysager em colaboração com o centro de arte contemporâneo Nau côclea (Catalunha) e o refúgio de la Carança, onde trabalha os verões como guardiã.
A B R I L
DE 1 A 5 ABRIL (segunda a sexta)
COMUNICAÇÃO
Com Sofia Neuparth e Margarida Agostinho
11h – 16h30
DE 8 A 12 ABRIL (segunda a sexta)
Laboratório de Dança e Filosofia: da diferença
Com Ana Mira
11h – 16h30
No laboratório de dança e filosofia: da diferença, o trabalho da linguagem permite-nos traduzir proposições filosóficas em pesquisas de movimento e partituras coreográficas, recorrendo a práticas de improvisação e composição, ao mesmo tempo que práticas específicas de leitura e de escrita aproximam-nos de excertos selecionados da obra Diferença e Repetição, de Gilles Deleuze (2000). Situamo-nos no mundo das pequenas sensações e percepções, onde a vibração do corpo não cessa de libertar potências de vida, podendo assim escapar às coisas sólidas e determinadas. Ao longo das cinco sessões, lemos e estudamos, dançamos, observamos em detalhe os micro-movimentos e as atmosferas quase imperceptíveis, descrevemo-los pela fala e a escrita e retomamos o gesto dançado, a linguagem verbal e o pensamento filosófico. Hijikata Tatsumi escreveu no seu livro A dançarina doente: A falta de gravidade cujo próprio corpo percebe me ensinava os gestos de devorar rapidamente as formas flutuantes num pensamento efêmero (in Uno, 2018: 82). Enquanto investigamos o conceito de diferença, procuramos que a dança e a filosofia, mutuamente, se atravessem, testemunhem e assombrem.
Biografia
Ana Mira dedica-se à investigação, ao ensino, à performance e à escrita no campo da dança e filosofia. Estudou práticas somáticas e dança contemporânea no C.E.M. e no Fórum Dança, aprofundando esse estudo em outros centros de dança na Europa e nos Estados Unidos. Completou o mestrado e o doutoramento em Filosofia /Estética na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, em 2014, sob orientação de José Gil e como bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Na performance de dança, destaca a sua colaboração com os coreógrafos Pauline de Groot, Russell Dumas e Rosemary Butcher e a sua adaptação do solo “At Once” (SPCP/2009), de Deborah Hay (Teatro Maria Matos /DGARTES-MC, 2010). Tem vindo a leccionar em centros académicos e artísticos, internacionalmente. Encontram-se publicados os seus ensaios: “Contornos de inexistência” (Teatro Municipal do Porto/INCM, 2018), “Afectivo Primitivo” (Nuisis Zobop/Instituto de Filosofia-Universidade do Porto, 2017), “Sensorial document” (Journal of Dance and Somatic Practices, 2016). É investigadora no IFILNOVA – Instituto de Filosofia da Nova (FCSH-UNL) e no baldio | Estudos de Performance.
DE 15 A 19 ABRIL (segunda a sexta)
LABORATÓRIO
O lago da boca
laboratório-mergulho
com bernardo rb
11h – 16h30

foto: Dally Schwarz
Se o corpo pode escrever, pode falar com as plantas. Se pode ler, pode dizer em silêncio. Na placidez dos lábios, no desejo que mora antes do contorno da letra, antes da forma do movimento, no salivar antes da fala, no formigar pré-escrita, no sopro que impulsiona o passeio pelos pontos de um texto, aproximamo-nos da leitura como gesto e da escrita como comum-ação performativa.
O lago da boca é a prática respirante de um corpo qualquer, que é convidado a radicalizar a pulsação boca-olho-mão. No espaço da página que é intensamente esquecida e nos ventos da dança que tropeça e salta de uma parede a outra, o corpo qualquer não se deixa amarrar nas cadeiras.
ÚLTIMAS DUAS SEMANAS DE ABRIL
De 22 A 26 ABRIL
– Own work/residências/comunicações