Site para documentação das múltiplas formas do Espaço Experimental: https://espacoexperimental.hotglue.me/
Desde 1993 o c.e.m tem aberto um lugar de experimentação que desdobra possibilidades de errar, arriscar, perguntar, comunicar ou feedbackar, numa ambiência de humanidade, nudez, proximidade e, assim, vulnerabilidade, em que cada proponente se disponibiliza a estar-com as comunicações do Outro circulando entre actor/observador, falante/escutante, o que dá/o que recebe. O Espaço Experimental completa 25 anos e prevê uma festa em 2018.Tem sido frequentado tanto por indivíduos como por colectivos tendo acolhido ao longo destes anos, sem hierarquias, desde a mais amadora à mais profissional das presenças. Sempre lutou para não se transformar num lugar “alternativo” para mostras de trabalho, com toda a pertinência que a existência desses lugares claramente tenha. A criação de situações performativas ou outras (partilhas de documentos escritos, experiências em filme, música ou som, questionamento de formas de ensinar-aprender dança, teatro ou outras artes de presença) sempre nutriu uma forma de estar não espectacular, sempre desidratou a “sociedade do espectáculo” que Guy Debord enunciou há tantos anos e que, hoje em dia, parece ganhar contornos monstruosos, por exemplo, com o crescimento da gentrificação e turistificação das cidades. O Espaço Experimental sempre insistiu na des-cristalização tanto das práticas de comunicação que, nos parece, continuam escravas da situação emissor-mensagem-receptor (embora adornadas das mais diversas formas), como dos exercícios de feedback-retorno pós-comunicação, que tendem a, ou se silenciar, ou a recorrer a discursos existentes e reconhecidos enquanto “interessantes” e “válidos”, muitas das vezes armadilhados de julgamento. Trata-se de um encontro de entrada livre em que quem vem apresentar contacta a equipa do cem para garantir a sua presença e especificar as condições mínimas para a comunicação (onde, que condições técnicas, que duração…) e quem vem estar-com se ajunta ao encontro, muitas vezes trazendo qualquer coisa comestível para partilha. Inicialmente quinzenal o Espaço Experimental desdobrou-se há anos em Espaço Experimental Regular (mensal e integrando 3 a 4 comunicações com a duração máxima de 15 a 20m cada, sendo reservado ao feedback um tempo semelhante) e Espaço Experimental Singular (normalmente mensal, embora se processe por agendamento do proponente, integrando apenas uma comunicação com a distribuição do tempo geral entre apresentação e feedback, constante de duas horas e meia, mediante escolha do(s) artista(s) )
O Espaço Experimental dedica-se a manter em aberto e com uma cadência regular um espaço de Experimentação onde não só quem traz a comunicação como quem está presente em cada encontro (feedbacker, documentador, testemunha ou observador) se propõe afinar presenças e qualidades de estar bem como reconfigurar fazeres artísticos, pensamentos e discursos. Exercitar um espaço não espectacular para a prática das apresentações artísticas. Des-guetizar a criação artística, des-territorializar os discursos artísticos. Promover o encontro.