Apresentação livro e filme Pedras’19
13.12.2019

Apresentação do livro e filme Pedras’19 – talvez o nada possa ser alguma coisa
O c.e.m – centro em movimento e a BZ 5 Records apresentam este sábado dia 14 de Dezembro, às 16h o Livro e Filme Pedras’19 – Talvez o Nada Possa Ser Alguma Coisa, na Sirigaita, Rua dos Anjos 12F!!!
Estão todx convidadx!!!!
Agradecemos os apoio da Sirigaita!!!
Vejam aqui o texto da Sofia:
já espreita a nova temporada do pedras e esta está deixando seus últimos respiros de co-aprendizagem…essa próxima temporada espreitante traz 15 anos de caminhadas e poisios ao encontro com a cidade que vai sendo cidade.
esta temporada trouxe a delícia de “talvez o nada possa ser alguma coisa”.
desconfio que cada corpo, cada organismo, cada coisa, traz uma sonoridade que lhe é própria, uma ondulação, uma vibração, um timbre que é esse corpo-que-vai-sendo-corpo.
uma sonoridade que já lá estava antes do corpo aparecer-nascer e que continua ressoando quando esse corpo desaparece-morre.
temos descoberto-destapado que a afinação de ser o que vamos sendo não se ajusta mediante um dispositivo exterior ao corpo-organismo-coisa, que a afinação se dá mediante a escuta e apuramento dessa tal sonoridade ou ondulação ou vibração que o corpo-organismo-coisa traz existindo.
tem sido assim com o corpo que vai sendo sofia ou margarida ou com o corpo cem…tem sido assim com o corpo qualquer que se dedica a existir perguntando, afinando, se deformando.
muitas vezes me perguntam se não se pode ser desafinado como se a afinação fosse um colete de forças que reduz a complexidade de formas possíveis…como se um corpo “afinado” fosse um corpo não errante, um corpo correcto, um corpo expectável, um corpo-tipo…
a escuta e apuramento dessa especificidade vibrante que nutre cada umaum parece-me implicar uma amplitude imensa de “não-saber”, de co-acontecer, de não apressar e forçar uma definição, uma justificação, um molde pré-existente onde possamos enfiar-mascarar-tapar esse corpo-organismo-coisa.
o pedras-práticas com pessoas e lugares foi-se fazendo presente em 2005.
temporada após temporada fomos caminhando e poisando confiando no desajeito de ser para não fixar caminhos, não cristalizar procedimentos…sempre a nascer, sempre a começar.
essa escuta e apuramento da vibração específica de ir sendo pedras-práticas com pessoas e lugares foi rebolando ora mais próxima ora mais distanciada, ora mais esgarçada ou adensada, foi-se fazendo dança, escrita, baile, piquenique…e cada temporada, no ajustar do pé ao caminho que só se faz caminhando, fomos apurando a justeza de agarrar-largar…de empurrar-puxar…de convidar determinadas insistências, deixar ir outras, apurar a tensão do entre-corpos que tece a trama por onde passa cada prática, nutrir o encontro, navegar o acontecer.
houve temporadas em que a cidade sangrava tanto com as intervenções consecutivas que nos vimos mais recolhidos em espaços-moradas interiores, houve outras em que a exuberância estonteante da maré de encontros parecia não convidar senão festa…fomos largando o desenho acelerado de uma programação para as práticas regulares ao longo do ano e até mesmo para os acontecimentos a convite no festival em julho, onde se exercita o enrugar de caminhos e experiências adensando a trama de práticas no encontro com cada umaum que se sente convidado ao mergulho.
apareceu a expressão “programação em obras” que, na sua elasticidade sempre impronta, vai permitindo a contínua de-trans-formação de caminhos.
foi aparecendo a clareza do que vai sendo o pedras…foi soando a tal vibração, ondulação que sempre lá esteve mas que pede demora, rigor e atenção para se fazer presente.
esta temporada a delicadeza, instabilidade, indefinição, aformismo, da caminhada apontou para essa evidência tão difícil de reconhecer “talvez o nada possa ser alguma coisa”.
o estarcom pessoas e lugares de lisboa aparecia cadenciado, embrulhado, denso, demorado, desconcertante, terno mas o reconhecimento das formas emergentes ou a capacidade de comunicar essas especificidades, parecia pedir uma outra linguagem, uma outra atenção…algo que sendo o que sempre foi era ligeiramente diferente…
os corpos e os entre-corpos foram escutando e apurando essa ondulação-vibração particular sem agarrar ou largar ou empurrar ou puxar ou tentar entender ou manipular.
esse estarcom exigiu e exige um rigor intenso mas desconfio que destapámos a possibilidade de afinação-pedras…14 anos de caminhada cega, confiante, corajosa e plena de amor gerando mundo onde possamos existir…”talvez o nada possa ser alguma coisa” traz limpidamente a possibilidade de escuta e apuramento do que o pedras vai sendo, obrigada.
sofia
Podem ver mais no blogue Pedras’19:
Blogue Pedras’19: https://pedras19.wordpress.com/
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